Na tarde daquele feriado de Tiradentes, funcionários de três empresas terceirizadas prestavam serviço à Copel (Companhia de Energia Elétrica do Paraná), quando o religamento antecipado de uma rede de alta tensão causou uma descarga elétrica de 34 mil volts que provocou a morte dos eletricistas Valter e Jair. O funcionário Valdecir Leandro de Freitas, que trabalhava dentro da caçamba de um guincho, também foi atingido pela descarga, porém, em menor proporção. Ele já se recuperou e voltou ao trabalho.
O inquérito do caso tem mais de 70 páginas, possuí depoimentos dos trabalhadores que testemunharam o fato, funcionários da Copel, técnicos e especialistas da área. “Durante a investigação, nós consultamos especialistas para elaborar um relatório técnico e preciso sobre o que aconteceu. Ouvimos também todas as pessoas que estiveram envolvidas na operação de energização da rede naquele dia. Ao final das investigações nós indiciamos essas quatro pessoas, pois, concluímos que elas foram negligentes deixando de cumprir certas cautelas. Se essas medidas tivessem sido tomadas, a morte desses eletricistas não teria ocorrido”, revela o delegado Edgar Dias Santana.
O crime - Na época, os depoimentos do inquérito confirmavam uma só versão: De acordo com os eletricistas que testemunharam a morte dos colegas, quatro empresas trabalhavam no local na instalação de uma linha de alta tensão. O trabalho que foi iniciado às 9 horas tinha término previsto para às 15h, quando a rede seria energizada. Segundo as testemunhas, próximo ao horário do término, somente os funcionários da empresa onde trabalhavam as vítimas ficaram no local para terminar um trabalho. Um fiscal da Copel foi avisado que a tarefa atrasaria em 15 minutos. Esse fiscal repassou a informação por rádio para a Copel, porém, a rede foi ligada 10 minutos antes.
Conforme o delegado, a morte dos eletricistas ocorreu por volta das 14h50 em virtude da imprudência de funcionários que cuidavam da operação da energização da rede. “Apurou-se que os responsáveis pela elaboração do procedimento não foram detalhistas como manda a norma que regulamenta a atividade exercida por eles”, diz.
O inquérito que seguiu ontem para o fórum deve ser analisado pelo Ministério Público nos próximos dias. “Nós relatamos hoje [ontem] e encaminhamos à promotoria. Esse inquérito será encaminhado ao Ministério Público que, entendendo que há elementos suficientes pode oferecer denúncia ou devolver para a Polícia Civil para elaborar mais provas”, concluiu.